domingo, 4 de setembro de 2011

Ser pobre dói?!

Eu vejo a pobreza de perto. Todos os dias. Ela chega de manhã, toma leite com pão, fica ao meu lado e depois vai embora. Sabe-se lá pra onde. De certo algum barraco de emendas de papelão e restos de madeira e um só colchão para dividir com outros irmãos a espera.
A pobreza chega feliz de chinelos velhos e sujos. Entra sorrindo, me cumprimenta com um beijo. Me abraça como se encontrasse algum conforto e fica alí até esquentar o corpo frio, de quem não tem agasalho.
Me causa certa indignação o fato d'ela não reclamar e nunca se revoltar porque a vida vai mal. Ao contrário, ela sabe que sorrir pode ajudá-la a não se lembrar de como a realidade é dura.
Outro dia, encontrou R$0,05 centavos no fundo da mochila. Me contou, toda feliz, como se tivesse encontrado um tesouro. De fato, era dinheiro suficiente pra comprar uma bala e adoçar a vida tão amarga. Mas os dias andam difíceis para a pobreza. Ela prefere juntar cada moedinha que encontra para, no final, comprar um saco de farinha, porque no velho barraco "não tem muita coisa pra comer".
Senti vergonha de mim mesma e das minhas mais íntimas futilidades. A pobreza me faz engolir seco. Me faz refletir como preciso ser mais humana e menos egocêntrica. Me faz olhar menos pro umbigo e mais para os lados.
Certa vez alguém comentou comigo que, quando era criança, perguntou para um mendigo: "ser pobre dói?!". Dói. Dói mais que saudade, dói mais que encostar o dedo na panela quente, dói mais que pisar no caco de vidro. Dói por dentro. É a dor da falta de esperança.

A pobreza se chama Jeniffer, com dois f's, como ela sempre gosta de ressaltar.  

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Tirem o Mick Jagger daqui!

O bom da vida é que sempre aprendemos coisas novas. Uma sucessão de eventos aparentemente banais que nos leva ao conhecimento acerca do inimaginável.
Como outro dia, entrei no carro do Fá e estava tocando uma música que, eu não sei se gostei tanto que achei que gostasse a vida inteira ou se de fato eu gosto dela desde sempre.
O engraçado é que eu sabia o ritmo da música, então acho que em algum momento da minha vida ela tocou e eu curti (fazendo jóia com a mão!).
Isso não importa. A verdade é que a música em questão era dos Rolling Stones. Rolling Stones, vocês têm ideia do que isso significa?!
Significa que a vida inteira eu gostei dos Rolling Stones, eu só não sabia. E significa que eu menti por anos seguidos quando as pessoas me perguntavam se eu curtia os Rolling Stones e eu dizia que não suportava.
Significa que eu perdi de ir naquele show da praia, em 2006. Significa que eu não fiquei revoltada com a Luciana Gimenes quando ela engravidou do Mick Jagger. Sim, porque nessa altura do campeonato, ele já virou uma espécie de Bon Jovi na minha vida. Já tô achando o cara lindo e charmoso.
E a grande sacada da história não está em descobrir que amo o Mick. Está no meu desespero em pensar que, de repente, ele virou galã pra mim. Isso pode me prejudicar mais tarde. Então quer dizer que pooooode seeeer que um diiiiiiia, cega e 'surdamente', eu comece a ouvir Agnaldo Timóteo e me apaixone por ele?! Pooooode seeeeer que eu ouça um discurso do Serra e vire tucana?! Pooooode seeeeer que eu abandone a minha vaidade e ande descabelada por aí?!

Meu Deus, tô com medo do que possa vir. Sai daqui, Mick Jagger. Sai daqui.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Sobre a paz e o amor!

Se eu pudesse escolher uma época pra viver, seria hippie. Andaria em bandos, toda cheia de penduricalhos coloridos. Abandonaria o que dizem que é certo e faria exatamente o que tivesse vontade. Iria contra o "consumismo que me consome". Faria protestos contra a guerra e contra tudo o que acho feio, errado e sem caráter. Fumaria muita maconha e destilaria a pimenta sem controlar a dose. Mas não ouço Mutantes, não curto Zé Ramalho, Pink Floyd pra mim é samba de uma nota só e prefiro que não toquem Raul. Ou seja, seria uma hippie sem eira nem beira, cheirando a The One.

Mas de tudo mesmo, eu só gostaria de virar hippie pra fazer valer a máxima da Paz e Amor - universais.
Eu lutaria para que as pessoas fossem menos egoístas. Essa "geração do eu" a qual pertenço - eu, você e todos nós - me assusta.  

Nossas escolhas nos deixaram sozinhos. Chegamos num ponto em que a gente vive de medo. Medo da vida, do crescimento, das expressões. A gente tem que se defender o tempo todo das pessoas. Ninguém mais se edifica, se destrói. Seria tão mais fácil fechar os olhos e poder confiar. Onde moram as pessoas boas e justas?! Você nunca sabe se quem está ao seu lado é amigo ou inimigo, te defende ou é covarde. Você nunca sabe o que há por vir. O medo é inevitável.

E quanto ao amor... Algo tão puro e sereno, virou sinônimo de dor. As manifestações de amor estão tão deturpadas. O Zé mata porque diz que ama. O Joaquim estupra porque diz que ama. A Marizinha trai e ainda diz que ama. O amor não é essa turbulência toda. O amor é equilíbrio. O amor não deixa faltar, ele completa. Solitude é muito diferente de plenitude!

Não quero acreditar que o mundo não tem mais jeito. Eu me recuso. Alguém tem uma Máquina do Tempo?! Eu devolvo! Me encontre em 1970!

terça-feira, 17 de maio de 2011

Procura-se um amor

O frio tem o estranho poder de me deixar mais carente. É sempre assim, alguém puxa a conversa sobre o tal do tempo e logo surge a pérola: “Huuum, friozinho! Bom pra ficar debaixo da coberta assistindo a um filminho e tomando um vinhozinho”. Tudo fica tão “inho inho”, que começo a ter birra até do boliiiinho (o caipira!).
Nos últimos outonos e invernos da minha vida, dividi a coberta e a garrafa de vinho com metades de mim que já não existem mais. Neste, as coisas vão ser diferentes. Estou pensando em comprar um aquecedor elétrico e um bom par de pantufas, dispensar o vinho e ir pra beira do fogão fazer um chocolate quente. Nada de filme (geralmente eles têm umas trilhas sonoras que deprimem). Acho que vou ler uns livros que estão na estante juntando poeira. De trilha sonora, no máximo um instrumental do Tom. E de carinho, só as lambidinhas da minha vira-lata!

Passei por um período em que optei por não me envolver com ninguém – embora no fundo rezasse para aparecer alguém que me fizesse perder o juízo e a razão!
Passar por essa abstinência de sentimentos me fez amadurecer. E isso não é um clichê. Aprendi que as pessoas que “não têm” defeitos são as primeiras a irem embora da vida gente, pelo simples fato de que são feitas de ilusão.

A fase cinza passou e eu não quero chegar ao ponto de não acreditar mais nas pessoas e no caráter delas.
A vida vai bem, obrigada. Mas está faltando o coração disparar quando penso em alguém. Sinto falta de acordar e ter aquele primeiro pensamento que dá razão pro dia ser melhor.

Tô sentindo falta de dormir de conchinha, de preparar um jantar, de planejar viagem, de ajudar a guiar no mapa (homens são péssimos quando se trata de localização). Sinto falta de levar a toalha no banho, de andar no parque de mãos dadas, de pegar a última sessão de cinema no sábado. Falta de fazer massagem, de ser surpreendida por um abraço e simplesmente ficar em silêncio (às vezes é bom sentir o momento sem falar nada). Sinto falta do que ainda não vivi com alguém que desconheço!
Procura-se um amor...

...alguém que seja de verdade – que tenha a verdade nos olhos e nos gestos. Alguém que tenha problemas, que precise desabafar. Quero ouvir, ajudar, pensar em soluçoes, dar força, testar hipóteses junto.  
Quero alguém que tenha anseios e me que inclua neles. Alguém que expresse opinião, mesmo que seja divergente da minha. Alguém que faça piada dos próprios desajustes, pra eu rir e ver nisso, um charme. Quero ter segredos com alguém. Alguém que use bermuda com furos e que ande de chinelo em casa. Quero alguém que sinta dor de barriga, que troque lâmpada, que lave o carro, que saiba escolher batata no supermercado.  
           
Afinal, é possível duas pessoas se gostarem simultaneamente?!
Tô achando que essa vida é um eterno desencontro de interesses. Se for, já era. Eu não quero perder tempo com essas relações que começam com joguinhos. Não quero ter que mover o mundo pra conquistar. Quero que a sublimidade de um encontro aconteça pelo olhar. Simples assim. Eu gosto de você. Você gosta de mim. Eu não ofereço risco pra você. Você não oferece risco pra mim. Eu não tenho medo de você e nem você de mim. Eu não vou brincar com os seus sentimentos nem você com os meus. E viveremos felizes para sempre – ou até onde valer a nossa tolerância. Fato, as relações podem acabar!

Por uma vida menos complicada. Por pessoas menos solitárias. Se houver alguém nesse mundo que fale a mesma língua que eu, por favor, apareça...eça...eça...eça!      
           


           

           



segunda-feira, 9 de maio de 2011

Safra de 86!

Lembro de uma conversa ao telefone que tive com um amigo. Tínhamos 13 anos. Falávamos sobre os nossos anseios pro futuro. Dividíamos nossas angústias sobre o que seríamos, quem seríamos e por onde começaríamos a trilhar o caminho até chegar lá. Quase como Caverna do Dragão; a gente não sabe pra onde vai, mas não pode parar de andar.

Partíamos do princípio de que a partir dos 18 a vida seria outra. Como naqueles filmes com efeitinhos em que de repente o cara se vê com 30 e tudo muda. No nosso caso, era 18. 
Achávamos que tirar a habilitação e poder entrar na balada mudaria as nossas vidas. Liberdade e acesso ao mundo. Isso de fato muda a vida da gente. Mas no meu caso, não foi determinante. Aos 13 anos os pensamentos são deturpados. A gente acha que sabe de tudo e não sabe nem de nós mesmos.  

Nessa mesma conversa lembro de ter imaginado a minha vida aos 25. Eu não sabia o que seria do meu futuro profissional. Não lembro se eu almejava ser médica ou advogada, talvez bailarina...?!
Eu não sabia nem do meu caráter. Nessa idade a gente ainda se define como legal ou chato. Bonito ou feio. Eu não era diferente. Lia Capricho, ouvia N'Sync, aprendia a beijar com a laranja e sonhava em casar com o Bon Jovi (sempre gostei dos homens mais velhos!).

Vinte e cinco completos. Agora é hora de fazer o balanço. Eu ainda não cheguei aonde eu queria chegar quando tive aquela conversa em que planejei casamento, filhos, casa na praia, casa no campo e casa na Lua.
Estou no caminho de tudo isso. Também não cheguei aos 30. Mas estou prestes a cruzar a fronteira derradeira. Encomendei meu primeiro pote de creme anti-sinais há uma semana. Uma mulher conta com todos os artifícios pra manter o frescor da juventude - mesmo que pareça não precisar!

Sinto que vivi o suficiente pra acumular boas histórias. E ainda vejo a vida inteira pela frente.
Hoje sou a mulher de 25. Tão excitante quanto um vinho e longe de virar vinagre. Satisfeita com meu corpo. Sem neuras com o tempo, com o vento, com o lento e com a balança.
Não tenho a pressa e a ansiedade de uma menina de 15, nem o desespero de uma mulher de 30.
A única cobrança que realmente me faço é viver e não ter vergonha de ser feliz.

Hoje sei dosar bem o meu lado menina ao meu lado mulher. Estou na linha tênue dessa diferença e posso abusar disso. O tempero da minha doçura misturado à minha malícia resultam num equilibrio perfeito. Eu sei disso!
Estou tão certa do que sou, que não preciso representar papel algum. Não fui inventada, não moro em Pasárgada e nem sou personagem de ficção.
Já não me preocupo com o que pensam de mim. Se pensarem em mim já é uma grande vantagem.

Aos 25 ainda não perdi o hábito de ser mimada. Em contrapartida, descobri que mimar pode ser ainda mais prazeroso.
Se não estou afim, não vou. Se não quero, não faço jogo. Se prefiro, escolho.

Ciúme é palavra quase que extinta do vocabulário. Insegurança também. Existem. Mas são finos e honrados. Discretos, não se expõem a qualquer preço.  
A beleza já não me convence. Dinheiro também não. Andar pelo Vicentina Aranha, sentar no puff verde e discorrer uma boa conversa já me satisfaz.
Busco um mundo mais cheio de conteúdo. Superficialidades me repelem.   

Não me apego ao pecado de ninguém. Nem aos meus. Tudo pela leveza das relações. Inclusive a minha relação comigo mesma.
Dispenso cerimônias. Dispenso clichês forçados. Dispenso tudo o que não quero pra mim, afinal ainda tenho uma vida pela frente. E não quero viver tudo de uma vez. Não tenho pressa de chegar lá. Eu só preciso chegar.




domingo, 8 de maio de 2011

A maior mulher do mundo!

Ela é a mulher da minha vida. Minha inspiração. Meu exemplo. Minha razão. Meu equilíbrio. Minhas respostas. Meu apoio. Minha segurança. Minha fortaleza. Minha ponte. Meu céu. Minha alegria. Minha sensatez. Minha coragem. Minha dignidade.
Ela é tudo. E não há restrições. Eu sou dela. Ela é minha. E esse laço ninguém corta.

Preciso, aqui, agradecer à minha por ter dito sim, quando poderia não me querer. Agradecer por me carregar na barriga, por escolher minhas roupinhas e escolher o nome mais bonito sem ao menos me conhecer. Agradecer por tolerar meus choros de madrugada e aquelas dores de dente que eu tinha. Agradecer por me fazer amar meu pai, quando eu poderia encontrar todos os motivos do mundo para ser diferente. Agradecer por me fazer comer jiló e dar valor em cada alimento que existe. Agradecer pelas festinhas da Xuxa e por todas as roupas cor-de-rosa que escolhia pra mim. Agradecer por não me deixar furar o umbigo e por não ter me deixado dançar o Tchan, enquanto todas as meninas dançavam. Agradecer, aliás, por todos os nãos que me disse.  

Por ela, meu mundo é muito mais fácil de ser habitado. Ela enxerga coisas boas em mim. Ela me levanta cada vez que eu penso em esmurecer. Já não tenho mais palavras.

Ela me traduz o significado de todos os sentimentos. Ela é a maior mulher do mundo. Ela é a minha mãe!

terça-feira, 19 de abril de 2011

Homens Ken

Virou moda. Eles se vestem de Ken (o namorado metrossexual da Barbie). Têm em média 30 anos, fazem depilação definitiva da barba, usam e abusam das máscaras rejuvenescedoras de vinho, folha de ouro e outras folclóricas substâncias mais.
Marcam hora para fazer aquele corte moderno (que fica todo espetadinho com aquele gel caríssimo da L'Oréal) e deixar as unhas com aquele brilho, que só a Lurdinha manicure do Jacques Janine sabe fazer.
Além disso, eles se matam na academia para deixar o braço com mais de 40 cm de diâmetro, fora as sessões reguladíssimas com a nutricionista.


De-fi-ni-ti-va-men-te não dá!
Adoro homem limpinho, mas se quiser disputar o espelho ou a hora na manicure comigo, vai ter que procurar outra "adversária".
Até a parte em que o cara se veste todo alinhadinho, tô dentro. Não há nada mais charmoso do que um Brooksfield dos pés à cabeça. Mas se limita a isso!


Bom mesmo era o tempo em que os homens cortavam o cabelo no barbeiro. R$5 o corte e ainda ganhavam uma aparada na barba. E olhe lá, era só uma leve aparada!
Confesso, aquela barba por fazer, estilo Los Hermanos, muito me agrada. A unha também não tem que estar brilhando base de seda. Só uma lixadinha resolve o nosso problema!
Aliás, é uma coisa que me chama a atenção, tenho verdadeira devoção por mão masculina, mas se estiver mais bem feita que a minha, perde pontos!
E a tal da máscara de pepino que eles cismaram de usar agora?! Abomino! Quando eu gosto, valorizo até as espinhas e os cravinhos da pele!

Essa coisa de dividir horário no salão com um Homem Ken, sinceramente, me preocupa. Que os homens estejam mais vaidosos, a gente até gosta, mas que ele não perca a sua essência.
Homem tem que ter jeito de homem, cheiro de homem. Tem que ter aquele cabelo desajeitado de homem. Tem que usar aquela meia que não combina com nada, só pra gente rir e fazer piada da simplicidade e praticidade em pegar o primeiro par que viu na gaveta.
Homem tem que pedir pra gente espremer aquela espinha nas costas - e não correr pra maca da esteticista achando que aquilo é o fim. Isso é "privilégio" feminino. É o charme da nossa insegurança. 
Não há nada mais excitante do que acompanhar o início da calvície e perceber que quem está ao seu lado já não é um Peter Pan - particularmente, isso me soa muito mais interessante.
E convenhamos, aquela barriga de chopp que vem crescendo a cada final de semana, acumula milhares de histórias engraçadas pra nos fazer rir. E no final das contas, o que vale é isso, alguém que nos faça ver graça na vida! 

Estamos combinados?! Nada de pedir meu Victoria's Secret emprestado!

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Da série: Coisas que me broxam!

Se existe uma coisa que me broxa profundamente, é conversar com gente sem conteúdo. E sabe como a gente identifica um exemplar dessa espécie?! Quando ecoa um dissonante "com certeza" no meio da conversa.
É batata! Se a pessoa não sabe o que responder, ela vai mandar um "com certeza". É regra básica do convívio social: se você não tem argumentos, concorde com entusiasmo. E se possível, repita duas vezes, mais ou menos assim:
- Você acha que o mensalão foi uma invenção?!
- Com certeza, com certeza. Não tenho dúvidas disso.


Olha quanta imponência na fala desse cara! Ele não sabe nada sobre o mensalão, mas repetir o com "certeza" me leva a crer que ele entende tudo sobre a suposta organização criminosa! rs
Pior que isso, só aqueles que escrevem "concerteza". Tudo junto e misturado. Nota vermelha sem chance de segunda chamada. Uma decepção ortográfico-amorosa!
Lugar pra colher amostras da espécie: qualquer lugar é lugar. E isso é tão triste!

Outra coisa que me broxa é gente desnecessária.
Gente desnecessária é aquela pessoa que se vangloria por ser sincera - noutros termos, grossa e desagradável.
Eu conheço e convivo com vários desnecessários. Ninguém pede a opinião, mas eles falam da vida de todo mundo, cutucam onde aperta o calo de todo mundo, implicam com a forma de ser de todo mundo e se julgam viver no melhor dos mundos. Pra mim, não passam de uns frustrados. Preciso citar algum exemplo?!
Outro dia uma desnecessária expôs uma colega ao ridículo quando fez um comentário desnecessário sobre sua depilação (ou a falta de...). Aaah bonitona, vá ler um livro!
Lugar pra colher amostras da espécie: no trabalho da gente sempre tem aquele desagradável que jura que pode sair falando o que pensa, sem medir tom nem palavra. Mostra a língua pra ele!

Outro tipo broxante: gente que nunca fala com a gente, nem pra dar bom dia, mas que manda o convite do chá de tudo quanto é coisa. Chá de panela, chá bar, chá de bebê...
Lugar pra colher amostras da espécie: no trabalho também! rs...

Agora, se tem uma coisa que me broxa mais que muito é pobre que acha que a gente tem que dar de tudo pra eles. 
Hoje eu estava assistindo à reportagem sobre a reintegração de posse dos moradores do Conjunto Habitacional Henrique Dias, construído na então desfavelização da avenida da Prefeitura, há uns 10 anos.
Ah, me irritei quando ví duas doidas dizendo: "a gente só quer um lugar pra morar sossegada com nossos filhos", "eu não tenho pra onde ir"!
É isso que elas querem, sossego. Eu também. E só não tenho sossego porque estou ocupada demais trabalhando pra pagar os meus impostos e gerar dinheirinho pra bancar o sossego delas.
Por que é que o pobre cresce com essa mentalidade de assistencialismo, meu Deus?! Será possível que não pode estudar como todo mundo, ralar como todo mundo e pagar pra ter suas coisas, assim como todo mundo?!

Ah, broxei!

P.S: To be continued!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

O que está acontecendo com o mundo?!

A tragédia no Colégio Tasso da Silveira me fez lembrar de uma crônica que escrevi há alguns anos, sobre o referendo de 2005; aquele que tinha como propósito proibir, ou não, a comercialização de armas de fogo no Brasil.

Na época, fui a favor da proibição. Mas como em qualquer plebiscito, o assunto polêmico dividiu opiniões.

Os que eram contra, alegavam que a proibição incentivava a demanda ilegal de armas no país, porque qualquer ladrão ou assassino que se preze, não compra armas por meios legais, portanto, a lei não vale pro criminoso.
Outros discursavam que o assaltante se sentiria mais à vontade sabendo que suas vítimas estariam desarmadas. Já os mais ortodoxos se defendiam alegando que necessitavam das armas para sua proteção pessoal.

Os que eram a favor da proibição, assim como eu, eram um tanto românticos. Uma vida não se traz de volta e não será outra morte que apagará a dor da perda e a dor moral de tornar-se mais um assassino.
E sem muitos rodeios, penso que as armas são instrumentos com uma única finalidade: matar. E isso, meus amigos, bastou para que eu votasse SIM.

Convenhamos, esse referendo em nada mudou a situação de violência no país. O problema está na desigualdade social, na má distribuição de renda, na péssima educação pública, na polícia ineficaz e mal remunerada e, principalmente, na justiça falha.

Porém, a falta de opção que o povo teve para decidir um assunto tão complexo com um simples "sim" ou "não" e a pouca informação legítima, levou a maioria a votar NÃO, NÃO DESEJAMOS A PROIBIÇÃO.

E assim foi...

Naquela época, profetizei que ainda assistiria à muitas passeatas pela paz, num teatro de títeres em que as pobres personagens seriam as mesmas pessoas que votaram a favor da venda liberada de armamento e munição. Todas vestidas de branco, com seus cartazes nas mãos e as fotos dos entes queridos estampados nas camisetas. 

Domingo terá uma passeata na Avenida Atlântica. Eu não estava errada. Infelizmente.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Músicas ruins que são boas

Eu não tenho orgulho disso, mas preciso confessar: essa semana eu ouvi o meu cd do N'Sync. Sim, aquele primeiro, da capinha azul e abóbora e que inclui o sucesso Tearin up my heart!


Ah gente, não teve como. Estava procurando o álbum da Sade (ai que mentira!) e ele apareceu no meio do nada. Pensei que já tivesse ido morar na 4ª Dimensão (onde todas as coisas que somem vão parar, talvez o Peixe esteja lá também). Mas não, ele estava entre os cd's que me causam profunda vergonha de ouvir, empilhados no fundo do armário, pra ninguém ver. Nem eu mesma!


Sei que levei o cd pro carro e ouvi, com o cuidado de manter os vidros fechados e, claro, o volume baixo, pra ninguém perceber que som era aquele. Logo eu que tenho a fama de ter bom gosto para músicas, seria o suicídio aparecer ouvindo Sailing, regravação do Christopher Cross, pelo Justin Timberlake do tempo das vacas magras!


Ah! Eu tenho culpa de na minha adolescência essa galera ter feito sucesso?! Eles compuseram a trilha dos meus romances anos 90, bem como os obsoletos Backstreet Boys, que há dois anos me carregaram pro show. Não que eu goste, mas tive que contribuir com fundo social das boy bands falidas! rs...


E se querem saber, chega de conversinha fiada, vou abrir o jogo mais uma vez, arriscando perder o emprego e os amigos jazzeiros: eu adoro ouvir música ruim!


Há quem não saiba, mas ainda tenho uma vitrola aqui em casa. Uma Sharp. Fica no quartinho dos fundos, junto aos discos que eu não tenho coragem de dar fim. E de vez em quando, muuuuito de vez em quando, rola a nostalgia. Boto a vitrolinha pra rodar, com aquele som chiado gostoso de ouvir, procuro algum bolachão que agrade aos meus ouvidos e atormento a vizinhança!


Da última vez, ouvi o disco do Zezé di Camargo. O primeiro, que tem É o amor! Na verdade, estava querendo ouvir aquela adaptação do McCartney e do Lennon, And I love her. Fazer o quê?! Ela é tão ruim, que chega a ser boa!


Tenho outro disco ótimo: Corpo e Alma Internacional, daquela novela da Glória Perez. Tem aquela música do Clube das Mulheres, Rhythm is a dancer e umas baladinhas românticas do Richard Marx, um cara que sabe fazer música tão ruim, que estouram de sucesso!


Outro mestre em som ruim que é bom é o George Michael. A pior delas?! Careless Whispers. Adooooooro! A letra é horrível, os gemidos dele são péssimos, mas eu adoro essa música. Adoro tanto quanto adoro a Cindy Lauper cantando Girls just wanna have fun. Pior não há!
E a música da Mulher Maravilha?! Gente, aquela letra é muito boa. Dispensa poesia!


E depois vêm me dizer que Caetano é o cara?! Caetano é um chato que faz letras que só ele entende. O resto finge que acha graça.


Por falar nisso, querem saber o que estou ouvindo agora?! Summertime, by Bratke, que é para dosar meu extremo mau gosto ao bom gosto que ainda me resta!

segunda-feira, 21 de março de 2011

Danoninho!

Minha mãe sempre trabalhou fora. Deu um duro pra me educar. E meu pai, por sua vez, sempre deu uma enrolada pra fora de casa. Se trabalhava, eu não sei!
E nessa ausência toda, quem cuidava de mim era a minha madrinha, a quem eu cresci chamando de mãe. Mãe Neuza.
Na casa da mãe Neuza tinha o pai Bolão, que era marido dela e meu padrinho. Um casal que serei eternamente grata por tanta dedicação e amor.
Eles tinham 4 filhos. A Luciana, o Gordo, a Bia e a Silvana, a quem eu chamava de Tata, e que me odiava, sabe-se lá porquê!

Eu tinha 3/4 anos. Chegava na casa deles às 7h da manhã com a lancheirinha, que a minha mãe arrumava pra eu ir beliscando durante o dia. Tinha Bis, Tostines, Goiabinha e, claro, o Danoninho, que de tudo na vida, era o que eu mais gostava!

Mas lá na casa da mãe Neuza havia uma certa dificuldade financeira. Eram muitos filhos e pouca grana. Logo, a minha lancheirinha forrada de delícias era extremamente cobiçada pelas outras crianças. E claro, eu nem via a cor do que levava pra comer, poque eles pegavam tudo e eu ficava com fome o dia inteiro. A sorte é que a mãe Neuza me dava feijão com arroz e meu estômago agradecia!

O fato é que a Silvana, que me odiava, ameaçava roubar meu Danoninho todos os dias. E pra ela não roubar, eu deveria ficar no portão mandando todo mundo que passasse na rua, tomar no cú. Não funcionava, porque ela roubava de qualquer jeito, mas na esperança de não ter meu Danoninho confiscado, eu mandava mesmo: "Ôôô, vai tomar no cú!".

Um dia, percebi que estava vindo uma mulher e gritei: "Ô mulher, vai tomar no cúúúúú!".
Era a minha mãe. E ela, muito brava, indagou, num tom de quem ia me fazer dormir com a bunda quente: "O que foi que você disse?!". E eu, que nunca fui boba, dei uma de João-Sem-Braço e mandei: "Eu disse Danoninho, eu quero o meu Danoninhooooo!"

É. Improviso é comigo mesmo. Hoje uma criança me mandou tomar no cú e eu lembrei disso!

domingo, 20 de março de 2011

Quando a moda foge do bom senso

Eu estaria desonrando as minhas brunisses, se deixasse esse assunto passar em branco.
Tem coisa mais brega que aqueles adesivinhos de Família Feliz que a galera resolveu pregar nos carros agora?! Última moda da falta de noção. Preste atenção!

Personalizados, eles trazem todos os membros da família, de forma caricata, estampados na traseira do carro.
Os homens-palito da Família Feliz são sempre unidos. Estão sempre de mãozinhas dadas, sempre cúmplices, sempre parceiros. Pasme, as crianças sempre se dão muito bem e estão sempre sorrindo. E o cãozinho, veja só, fica ao lado do gatinho, que por sua vez, fica ao lado do peixinho, zelando eternamente, ou até que descole, por seu aquário.
Ah, você tem mais de um cachorrinho?! Não tem problema! Cole logo 5 adesivos de cachorrinhos, seguindo por 6 gatinhos felpudos! Seus bichinhos merecem essa homenagem! rs...

O papai-palito é sempre o adesivo mais alto e robusto. Ele carrega uma maletinha na mão, representando o lado responsável e provedor da família. A mamãe-palito é uma dona de casa, usando nada menos que um avental. Por vezes a mamãe-palito também aparece com uma leve saliência na barriga, o que se pressupõe que ela é uma parideira ou boa de garfo. O menino-palito tem cara de capeta. Aquele sorrisinho não me engana. Geralmente ele está com um skate na mão e boné no mais estiloso perfil Sérgio Malandro. Tem menino-palito aspirante a Ronaldo, com a bola no pé e camisa 9 também. E a menininha-palito?! Ah, como ela é adorável! Sempre de vestidinho florido e chuquinha no cabelo. Tem carinha de pentelha e geralmente está ao lado dos bichinhos, porque ela é a caçula e foi o que restou pra brincar com ela!

E nesse comercial de Doriana, fiquei imaginando como seriam os adesivos da minha Família Feliz!
Sim, porque se eu fosse colar no meu carro, seria a minha mãe com um tercinho na mão, eu (com um vestidinho lindo e blush!) e a minha cachorrinha coçando as pulguinhas.

Pensei também em colocar o meu pai com uma garrafa de 51 debaixo do braço, meio tonto, a primeira, a segunda, a terceira e a quarta mulher dele, os meus 10 irmãos, eu (com outro vestidinho lindo e mais blush!), meus 9 sobrinhos, a minha cachorrinha e o Tinoco, cachorrinho do meu pai... E lá se foram 27 adesivos. Se eu não conseguir um ônibus pra colar tudo isso, além da tampa do porta-malas do meu carro, vou precisar do vidro traseiro também!

Mas em tempos de violência, eu me pergunto, é sério mesmo?! Esses adesivos existem?!
As pessoas aderiram à moda da exposição exacerbada e colocaram em xeque a segurança da própria família!
Pra facilitar o trabalho dos golpistas e ladrões, agilizaria mesclar outros adesivos bregas ao veículo. Tipo: Kimberly e Jackson Five a bordo. Um pouquinho mais à esquerda, um adesivo com o M do Mackenzie e pra arrematar, centralizado, o O da Oakley, pra todo mundo saber que alí reside um surfista que está sempre em Ubatuba ou Maresias. Pronto, baquete completo pro lobo mau. Ele já sabe tudo a seu respeito e tão logo irá te atacar. Boa sorte!

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Dê uma chance ao ser humano!

O Max é um menino levado. Ponto.
Mas não pensem vocês que ele é danadinho. Nãããão! Ele é um grande X nas nossas cabeças. Um X maior que o X da Nave da Xuxa, que de egocêntrica tem quase nada!
O Max é assim, desde que o conheço, há quase dois anos, ouço histórias que (quase) não cabem no meu nível de compreensão. Serei mais específica!
Ele já amarrou uma corda do pescoço ao rabo do cachorro. Ele já fugiu com a irmã mais nova, que tinha câncer, apenas para que ela não fosse à quimioterapia. Ele, inclusive, já jogou os remédios dela fora. Sim!

Mas essa semana, algo me surpreendeu. Recebemos o José.
O José é um garotinho de 13 anos, muito sorridente. Teve paralisia infantil e tem alguns dos seus movimentos comprometidos. Mas isso não faz do José um coitado. Ele faz tudo o que uma criança da idade dele faz, claro, dentro dos seus limites. 
Mas o que eu acho mesmo é que o José é um sortudo. Um sortudo muito dos fortes. Ele encontrou o Max. Ou foi o Max que o encontrou?!
A verdade é que meus olhos têm vivenciado a verdadeira amizade. Livre de qualquer preconceito ou interesse. O Max, aquele menino levado, tem sido o fiel parceiro do José. Leva para beber água, acompanha ao banheiro, ajuda a dar comida na boca, o auxilia nas atividades e, pasmem, banca o fisioterapeuta, porque já percebeu que o lado esquerdo do José é mais lento. Tudo de livre e espontânea vontade. Ninguém pediu ou sugeriu.
Percebo nos olhos do José a gratidão pela amizade do Max. E nos olhos do Max eu vejo a sinceridade. Pela primeira vez.
Dê uma chance ao ser humano!

  

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Cavalheirismo contemporâneo

Existe uma palavra que eu gosto muito: sutileza. A sonoridade é leve e o significado também. E ela casa perfeitamente com outra palavra de significado especial, gentileza.


Há quem confunda. A sutileza é discreta. Já a gentileza fala por si só. E há de se considerar, ambas traduzem a delicadeza de um gesto. E é sobre essa relação que discorro a brunisse de hoje.


Não vejo razão em não demonstrar a minha satisfação publicamente. Entre as coisas que me surpreendem, está a capacidade que alguns homens ainda têm de ser cavalheiros, cada qual ao seu modo, gesto e graça!
Incontestável a satisfação quando um representante dessa espécie se atenta aos meus detalhes e solta um comentário despretensioso sobre a cor do esmalte, a pedrinha do brinco ou sobre o acessório no meu cabelo. É coisa rara, eu sei sobre a dificuldade que vocês têm de perceber o pequeno, o minuncioso, o peculiar, ainda mais quando naturalmente vocês têm maior propensão ao daltonismo e ao pragmatismo. Mas sim, me encho por dentro quando isso acontece!

E não pensem que não sei diferenciar um gesto sincero de segundas intenções. Deus me deu o dom preciosíssimo de perceber a essência das pessoas. E claro, se alguém é flagrado dando uma de espertinho pra cima de mim, perde muitos pontos!  

Continuando, são adoráveis aqueles que fazem questão de ser prestativos. Se sentem heróis quando alcançam alguma coisa no alto, trocam a lâmpada ou carregam uma mala pesada pra gente. E quando abrem a porta do carro?! Quanta nobreza!
Juro que morro de dó de abusar da boa vontade. Sei o quanto esses serviços são desconfortáveis, mas é tão bom ter a sensação de que alguém quer me poupar da fadiga ou de qualquer perigo, que eu me entrego aos cuidados. 

Porém, diante de todos esses gestos e delicadezas, percebo que eles têm um certo receio quanto ao cavalheirismo contemporâneo (essa foi boa!) e ficam apreensivos diante da nossa reação - afinal isso é tão raro que a gente já nem sabe como se comportar perante tanta gentileza. 

Entretanto, é aceitável que eles fiquem inseguros assim.
Não faz muito tempo, os homens perderam a postura de nossos protetores. Isso porque nós, mulheres, nos escondemos por trás de uma carcaça de feminismo exacerbado e de auto-suficiência, deixando sobrar pouco espaço pra eles, senão o da companhia de sábado à noite (que fique claro que eu não faço parte desse time!).

O resultado disso são pessoas sozinhas fugindo de relações que despendam muito mais que uma noite agradável. Mas isso é assunto pra outro dia...

Que me perdoem os grosseiros, machistas e moderninhos, mas a cortesia à moda antiga ainda me fascina. Um brinde aos homens de sensibilidade!

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Meu mundo de Bobby!

        Hoje eu lembrei dele. Me deu uma sensação tão triste. Saudade misturada com perda.
        Sim, ví algo que me fez lembrar. Não há como evitar a dor. Já faz um tempo que ele foi embora, mas não raramente me perturba a lembrança...

        Tô falando do Peixe – e depois explico o porquê da letra maiúscula!
         Jamais vou me esquecer de quando o ganhei. O Gordo, meu irmão de coração, que de gordo não tinha nada,  trouxe de um circo que havia ido no final de semana.
        Amarrou um barbante no meu pulso, que era pra ele não levantar vôo. O Peixe era um balão de gás cor de rosa e claro, em formato de peixe. Daí o seu nome tão óbvio com letra maiúscula. 

        Pois bem. Quando eu era pequena, cuidava dos meus brinquedos com todo zelo. Zelo que nunca ví em outra criança (e de crianças, eu até que entendo um pouco!). O Peixe ficava solto no meu quarto, obviamente sobrevoando o ambiente. Ficou lá por muito tempo. Sem murchar, sem reclamar.

        Um dia, quando cheguei da escola, dei falta do Peixe. Ele não estava lá. Mistééééério!
        Meu pai, com ar de cinismo, disse que não sabia o que havia acontecido com o Peixe. Ele nunca me enganou. Eu sei que foi ele que deu fim no Peixe. Fim este que criei na minha cabeça, para que o Peixe não fosse “enterrado” no cemitério dos balões de gás indigentes.
        Imaginei o Peixe indo embora pro céu, voando, voando, voando até sumir da vista. E voando tão alto que alcançava o céu dos balões. E lá no céu dos balões, havia um Homem (com H maiúsculo, porque ele era uma espécie de deus no paraíso das bexigas rebeldes). Este Homem, com h maiúsculo, recolhia todos os balões voadores aflitos e perdidos e os abrigava em sua tremenda casa de madeira (sempre imagino casas de madeira, a do Papai Noel também é), onde viviam felizes e bem cuidados os balões coloridos, em seus diversos tamanhos e formatos.
        Na minha cabeça, vinha a nítida imagem do Peixe chegando ao céu dos balões, um pouco tímido, voando meio baixo, como quem não queria nada e sendo recolhido por um cara bem branco, tão branco que a pele chegava a ser avermelhada.
        Imaginar tudo isso me dava vontade de chorar. E eu chorava. Chorei por dias seguidos a partida do Peixe.

        Hoje pela manhã passou por aqui um vendedor de balões. Tinha um parente do Peixe lá no meio. Me lembrei dessa história.
        Minha infância é recheada de histórias assim, vindas do mundo de Bobby. Feliz de mim! rs...

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Sem porquês!

Hoje as crianças voltaram. Sim, acabou o sossego. Hoje é segunda-feira e eu já estou cansada. Contudo, mesmo sem sossego, a minha paz voltou. Contraditório, né?! rs...


Eles não têm a menor noção de direção, mas logo cedo estavam me esperando na vaga onde costumo estacionar, porque queriam me ajudar (tipo flanelinha, sacou?!). Pra esquerda, pra direita... Vai! Para não desanimá-los, dei trela. Fiz tudo o que mandaram, mesmo sabendo que eu tinha que virar o volante pra direção contrária. Direita e esquerda nessa idade ainda é um enigma!


Terminado o serviço, desci do carro. Graças a eles, eu havia conseguido estacionar! Mal abri a porta e três já pularam no meu pescoço.
Um "quarto elemento" ficou sem graça, de longe, esperando um espaço no meu abraço, tendo sido concedido, claro, assim que consegui colocar a coluna no lugar, depois de tantos beijos e pulos em cima de mim!


Mããããããe!
É assim que me chamam desde que a Viviane me escreveu aquele bilhete. A Viviane era uma de nossas crianças. Ela ficava me olhando de longe, com olhos de curiosidade e admiração. Tinha 13 anos, mas não sabia escrever. Reconheci seu esforço quando me entregou um papel amassado escrito por repetidas vezes: posso te chamar de mãe?!


Há um protocolo seguido diariamente. Abraços, beijos, cartinhas, florzinhas murchas que eles apanham pelo caminho, brinco da mãe, bonequinha de porcelana... O que eles querem é agradar. É tanto amor!


Do ponto de vista poético, eu jamais saberia definir o que sinto quando estou no meio deles. Me sinto uma deles, me sinto mãe deles, me sinto responsável pela felicidade deles.


Pelas leis do mundo, a vida dessas crianças costuma ser cruel. Suas experiências são sempre duras e a fome, funda. O destino definitivamente não é belo com eles.


Tenho um papel fundamental na construção de valores dessas crianças, mas acho que desde que me sujeitei a trabalhar com isso, quem mais cresceu e ganhou fui eu.
Não sei ao certo quem é que depende de quem nessa história. Se são eles que dependem dos meus cuidados ou se sou eu que dependo de tanto carinho dessas crianças. Sei lá. O que importa é que eles estão alí, prontos para me ensinar o orgulho de tê-los, com a humildade que só eles podem me dar.

Mas vem cá, por que é que eu comecei a falar sobre isso mesmo?!

domingo, 30 de janeiro de 2011

A flor e a felicidade!

Foi o lugar mais fresco que encontrei pra ficar naquela tarde considerada a mais quente do ano: a sala da Priscila!
A Priscila é uma colega de trabalho. Toda hippie. Uma graça de tão serena. Em cima da mesa dela havia uma capa de revista que me chamou a atenção. Tinha umas letras brancas bem grandes fazendo contraste com o fundo preto. A palavra em destaque? FELICIDADE!

Pelo menos para o meu momento, palavra mais sugestiva não há. Então, decidi folhear.
A matéria era extensa e muito técnica, embasada em estatísticas, filosofias freudianas e outras teorias mil. A leitura também era complexa, então decidi tirar as minhas próprias conclusões sobre um assunto tão abstrato.

Seria egoísmo e pretensão minha ditar a felicidade em achismo de primeira pessoa. Por outro lado, eu não estaria honrando as minhas brunisses, neste espaço tão meu – tão seu, tão nosso!
Portanto, deixei a modéstia de lado e antes de discorrer sobre a tal felicidade usando o sujeito eu, mergulhei nas minhas definições porque, acredite, eu ainda não tinha parado pra pensar nesse conceito meio Pão de Açúcar – que é lugar de gente feliz! rs...

Dias de sol. Cochilo depois do almoço. Lírios brancos. Sorvete de pistache. Samba na Lapa. Lembranças do almoço de domingo na casa da avó Eulália. Moda de viola com o meu pai. Dirigir ouvindo Nothing But a Song. A presença da tia Margarida. Ser lembrada por um amigo. Fazer amor onde der vontade. O cheiro da noite. Café no fim de tarde. Beijar com os olhos. Nascer do sol no Arpoador. Crise de riso no elevador. Fazer passinho anos 90 na balada. Mensagem inesperada no celular. Um jantar com alguém especial. Saber notícias de quem mora longe. Uma massagem na nuca. Um aumento. Carinho no cabelo. A lua. A praia. Um vestido novo. O carnaval. O abraço dos meus pais. Um temaki Filadélfia. As crianças do meu trabalho. Esquecer do tempo. Sentir o vento...

O colunista da matéria que me inspirou dizia que as pessoas mais felizes são aquelas que moram em lugares paradisíacos, mesmo que vivam de caça ou pesca, numa casinha sapê ou pau-a-pique. Sem conforto, sem Macintosh, LCD, massagem com pedras quentes, “MSC qualquer coisa” ou Louis Vuitton. Faz sentido!

A gente vive numa jornada alucinada de trabalho. Acorda às 6h, pega trânsito, bate cartão, enfrenta chefe, reuniões, execuções, início de projeto, conclusão de projeto, planejamento, novo projeto, não dá tempo, hora extra, pós, inglês... Tudo isso por alguns milzinhos na conta no final do mês. Sobra algum minuto pra ser feliz nessa rotina sufocante de obrigações?! Ou seria a felicidade um atributo de quem consegue encaixá-la em todas essas atribuições diárias que vêm sempre antes da conversa boa e cerveja gelada no boteco da esquina?!

Tarefa difícil definir felicidade. É estado de espírito?! É cognitiva?! É o prazer pelo momento?! Dá pra apalpar?!

Definitivamente não. Nem apalpar, nem definir com sinônimos. Ela é intangível e tem um poder estranhamente fictício sobre a gente. De onde será que ela vem?! Também surge no final do arco-íris?!  

Depois de uns dias cinzas na minha vida, me determinei a ser feliz. A qualquer custo. Em qualquer situação. Independentemente do resto, apenas de mim. Deu certo.
Percebi então que a felicidade é a vontade de sorrir, de ser intensa na simplicidade. Felicidade é vontade. Do querer ou sem querer. Vontade que nasce de algum lugar que a gente desconhece ou do que a gente planta.  

Sei que a maior parte dos seguidores deste blog é masculina, mas peço licença para definir, então, a felicidade como uma temporada de flores que a gente vive. Sim, flores!

Minha definição de felicidade é o processo do plantio que a gente escolhe colher a curto, médio ou longo prazo.
Não se vale exatamente do número de sementes plantadas, mas da qualidade do solo e dos botões que a gente permite vingar.

Um dia todas as flores murcham, mas não acabam. Existe uma infinidade de outras espécies a serem plantadas. O solo que um dia é germinado, se torna muito mais rico e fecundo. Se fortalece. E a opção de plantar outros e outros jardins é unicamente nossa!

Agora peço licença para regar o meu nessa tarde de domingo extremamente ensolarada, com velhos amigos e claro, o bom e velho sorvete de pistache!

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

De Homem pra homem!

Ooolha, tem horas em que eu penso que deveria ter nascido homem, viu?! Definitivamente, ser mulher anda muito difícil!
Sempre foi assim. Se antes havia umas pobres coitadas que viviam pra cozinhar, lavar, passar, dar conta do marido, dos filhos e fazer tricot, hoje a gente continua fazendo isso (ah, eu gosto de tricotar!), mas ainda carrega a responsabilidade de uma boa formação, de ser bonita, magra & interessante. E isso não é garantia de nada! Ou seja, corto os pulsos agora ou depois?!

Soube que anda rolando por São José a divulgação de um blog criado para falar mal dos homens dessa cidade. E parece que a coisa anda causando certo frisson na galera! Hahahahahah... Achei engraçado, mas já alertei as meninas, cuidado, porque vai ter revanche!

Eu não vou deixar meu pobre blogzinho com cheiro de Hugo Boss. Eu não perderia o meu tempo falando sobre homens todos os dias, penso em muitas coisas além disso. Portanto, hoje não vou falar mal de vocês. Nem bem! rs... 

O que é que anda acontecendo, meninos?! Sentem aqui e vamos conversar!
Tenho conhecido algumas pessoas, mas posso contar nos dedos os caras com quem eu conversaria de novo ou passaria o meu telefone. Desculpem-me a sinceridade, mas vocês andam pouco interessantes!

Anexo. Estou lá, andando pra lá e pra cá, curtindo o jazz do Chiquinho. Me chega um cidadão e diz: Oi, eu acabei de chegar de Londres... Para tudo! Já começou errado. Se achou que me impressionaria citar Londres, perdeu 20 pontos. Continuando: ...e as mulheres de lá são estilosas, assim como você... Perdeu 10 pontos. Achou que eu fosse amolecer com um elogio barato e sem foco. Continuando: ...eu acho que aqui nessa cidade não tem homem pra você, eu sou um homem pra você... E acendeu um cigarro! Errou na previsão, porque não faz meu tipo, porque é pretensioso e porque fuma. Pontuação do artista circense: -100

Em seguida, fui puxada pelo braço por um anão de jardim. Claro, também começou perdendo pontos pela agressividade e desespero. Ele: Vamos conversar alí (num cantinho vazio)?! Eu: Por que alí?! Pode falar aqui mesmo... Ele: Não, vamo alí. Eu: Eu não vou alí com você. Ele insistiu algumas vezes pra eu ir alí, eu neguei todas e ele ficou nervoso: Então fica aí, tem gente que tem o que merece mesmo!
Ai... Esse não merece nem nota vermelha!

E no Rio?! A abordagem de todas as noites pode ser resumida em uma frase clássica: Caraca, tú é linda. Me passa seu Facebook?!
Eles não estão interessados em saber o seu nome. Eles querem apenas te adicionar. Tô perdida, acho que ninguém vai me querer, porque deletei o meu! rs...

É claro que tem gente interessante também. Conheci pessoas bacanérrimas, mas não se compara ao número de palhaços que eu tive a infelicidade de encarar por aí.
Eu não sei o que anda acontecendo com os homens, que se tornaram tão desinteressantes. Não se trata de muita exigência. Mas não sou eu, uma mulher com um trabalho interessante, que leio sobre tudo, converso sobre quase tudo, que aprecio a política, a arte e a cultura, é que vou dar conversa pra um famigerado de assunto e de modos por aí. Ah, que preguiça!
O vendedor de esfirra que conheci na praia é mais interessante do que o recém chegado de Londres. Definitivamente não é preciso muito.

Quem avisa, amiga é. Depois não queiram seus nomes estampados no blog da menina! rs...   

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Quando o ano muda...

E depois de tanto tempo, depois de ter virado a década, eis-me aqui de novo. Voltei, pessoas!

Passei uns dias por aí, viajando, conhecendo gente e me distraindo. Agora as férias estão chegando ao fim e é hora de voltar pra casa, desfazer as malas, restabelecer os velhos hábitos, abandonar alguns e continuar, afinal tem um ano inteirinho esperando por mim!

No finalzinho do ano passado me flagrei pensando nessa espera que o ano novo causa na gente. É incrível!
Eu mesma vivi um ano perfeito. Fiz coisas bacanas, com pessoas bacanas, conheci lugares diferentes, rí por diversos motivos, fui ao show da minha vida, mas... Estava louca para que o ano acabasse logo! rs...
Pra quê?! Nada muda. O dia simplesmente vira. De onze e cinquenta e nove de 31/12, passa a ser meia noite de 01/01. O que é que tem de mais nisso?! Não sei, mas confesso, esse momento é quando até o mais incrédulo, passa a ter esperança. 

Quando o ano muda, quase nada muda. Os amigos são os mesmos. A grana no banco continua a mesma. A saúde é a mesma. Os amores são os mesmos. Mas a esperança, essa se renova!
É como a velha história de escrever a vida nas folhas em branco. Se você tivesse a oportunidade de reescrever suas linhas em folhas novinhas, como seria?! Como agiria?! Faria tudo igual?! Apagaria o quê?! Acrescentaria o quê?! O ano novo nos traz essa possibilidade. É como se a gente pudesse apagar todos os erros e todas as coisinhas tristes que passaram e tentar fazer diferente, ser melhor.

Quem inventou o período de um ano deve ter imaginado que esse era o período em que a gente aprontaria de tudo, desenfreadamente, e se cansaria. Planejaria, trabalharia, viajaria, brigaria, destrataria, correria, dormiria, acordaria, comeria, trabalharia, trabalharia, mudaria, se arrependeria, tentaria, erraria, trabalharia mais um pouco e... Chega, né?!  
Ja a passagem do ano deve ter sido idealizada por algum sábio que percebeu que na vida a gente precisa de um marco pra fechar ciclos e iniciar outros.

E não poderia ter sido diferente, enquanto eu via aqueles fogos da virada explodirem no céu do Rio, algo dentro de mim ia embora e algo novo chegava.
Não sei ao certo o que ia embora. Talvez nessa hora, a chegada da esperança espante toda e qualquer coisa ruim que a gente possa trazer do passado. Mas naquele momento, senti aquela energia boa que a vontade de fazer acontecer e fazer dar certo causam na gente. 

Eu ainda não sei como vai ser o meu ano, mas sei que tenho controle de 80% dele (Teoria de Pareto, lembram?!). Está tudo nas minhas mãos. Esperança eu tenho. E o santinho do Santo Expedito também! rs...

Que o nosso ano seja de louros, cambada. 2011 motivos pra sorrir!