quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Meu mundo de Bobby!

        Hoje eu lembrei dele. Me deu uma sensação tão triste. Saudade misturada com perda.
        Sim, ví algo que me fez lembrar. Não há como evitar a dor. Já faz um tempo que ele foi embora, mas não raramente me perturba a lembrança...

        Tô falando do Peixe – e depois explico o porquê da letra maiúscula!
         Jamais vou me esquecer de quando o ganhei. O Gordo, meu irmão de coração, que de gordo não tinha nada,  trouxe de um circo que havia ido no final de semana.
        Amarrou um barbante no meu pulso, que era pra ele não levantar vôo. O Peixe era um balão de gás cor de rosa e claro, em formato de peixe. Daí o seu nome tão óbvio com letra maiúscula. 

        Pois bem. Quando eu era pequena, cuidava dos meus brinquedos com todo zelo. Zelo que nunca ví em outra criança (e de crianças, eu até que entendo um pouco!). O Peixe ficava solto no meu quarto, obviamente sobrevoando o ambiente. Ficou lá por muito tempo. Sem murchar, sem reclamar.

        Um dia, quando cheguei da escola, dei falta do Peixe. Ele não estava lá. Mistééééério!
        Meu pai, com ar de cinismo, disse que não sabia o que havia acontecido com o Peixe. Ele nunca me enganou. Eu sei que foi ele que deu fim no Peixe. Fim este que criei na minha cabeça, para que o Peixe não fosse “enterrado” no cemitério dos balões de gás indigentes.
        Imaginei o Peixe indo embora pro céu, voando, voando, voando até sumir da vista. E voando tão alto que alcançava o céu dos balões. E lá no céu dos balões, havia um Homem (com H maiúsculo, porque ele era uma espécie de deus no paraíso das bexigas rebeldes). Este Homem, com h maiúsculo, recolhia todos os balões voadores aflitos e perdidos e os abrigava em sua tremenda casa de madeira (sempre imagino casas de madeira, a do Papai Noel também é), onde viviam felizes e bem cuidados os balões coloridos, em seus diversos tamanhos e formatos.
        Na minha cabeça, vinha a nítida imagem do Peixe chegando ao céu dos balões, um pouco tímido, voando meio baixo, como quem não queria nada e sendo recolhido por um cara bem branco, tão branco que a pele chegava a ser avermelhada.
        Imaginar tudo isso me dava vontade de chorar. E eu chorava. Chorei por dias seguidos a partida do Peixe.

        Hoje pela manhã passou por aqui um vendedor de balões. Tinha um parente do Peixe lá no meio. Me lembrei dessa história.
        Minha infância é recheada de histórias assim, vindas do mundo de Bobby. Feliz de mim! rs...

Um comentário:

  1. Sei como é isso. No nosso caso(envolveu toda família), o Peixe era maior. Era um golfinho
    na verdade Golfinhão, éh! De um azul e prata lindos, ele foi o primeiro item escolhido numa tarde inesquecível. Sabe tarde de sábado perto do natal no shopping? Família, várias lojas, carrinho de bebê, as sacolas aumentando, alguns pedidos de desculpas - o bichinho era espaçoso mesmo. Majestoso no alto do barbante. Sobrevivemos a tudo, firmes. Só não contávamos com a forte brisa que arrancou-nos do nosso idílio, assim que colocamos o pé no estacionamento!
    Eu nunca tinha pensado nisso, mas agora posso até imaginar Peixe e Golfinhão no céu de barbantes dados.
    Obrigada Bruna!
    kkkkkk...

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