segunda-feira, 9 de maio de 2011

Safra de 86!

Lembro de uma conversa ao telefone que tive com um amigo. Tínhamos 13 anos. Falávamos sobre os nossos anseios pro futuro. Dividíamos nossas angústias sobre o que seríamos, quem seríamos e por onde começaríamos a trilhar o caminho até chegar lá. Quase como Caverna do Dragão; a gente não sabe pra onde vai, mas não pode parar de andar.

Partíamos do princípio de que a partir dos 18 a vida seria outra. Como naqueles filmes com efeitinhos em que de repente o cara se vê com 30 e tudo muda. No nosso caso, era 18. 
Achávamos que tirar a habilitação e poder entrar na balada mudaria as nossas vidas. Liberdade e acesso ao mundo. Isso de fato muda a vida da gente. Mas no meu caso, não foi determinante. Aos 13 anos os pensamentos são deturpados. A gente acha que sabe de tudo e não sabe nem de nós mesmos.  

Nessa mesma conversa lembro de ter imaginado a minha vida aos 25. Eu não sabia o que seria do meu futuro profissional. Não lembro se eu almejava ser médica ou advogada, talvez bailarina...?!
Eu não sabia nem do meu caráter. Nessa idade a gente ainda se define como legal ou chato. Bonito ou feio. Eu não era diferente. Lia Capricho, ouvia N'Sync, aprendia a beijar com a laranja e sonhava em casar com o Bon Jovi (sempre gostei dos homens mais velhos!).

Vinte e cinco completos. Agora é hora de fazer o balanço. Eu ainda não cheguei aonde eu queria chegar quando tive aquela conversa em que planejei casamento, filhos, casa na praia, casa no campo e casa na Lua.
Estou no caminho de tudo isso. Também não cheguei aos 30. Mas estou prestes a cruzar a fronteira derradeira. Encomendei meu primeiro pote de creme anti-sinais há uma semana. Uma mulher conta com todos os artifícios pra manter o frescor da juventude - mesmo que pareça não precisar!

Sinto que vivi o suficiente pra acumular boas histórias. E ainda vejo a vida inteira pela frente.
Hoje sou a mulher de 25. Tão excitante quanto um vinho e longe de virar vinagre. Satisfeita com meu corpo. Sem neuras com o tempo, com o vento, com o lento e com a balança.
Não tenho a pressa e a ansiedade de uma menina de 15, nem o desespero de uma mulher de 30.
A única cobrança que realmente me faço é viver e não ter vergonha de ser feliz.

Hoje sei dosar bem o meu lado menina ao meu lado mulher. Estou na linha tênue dessa diferença e posso abusar disso. O tempero da minha doçura misturado à minha malícia resultam num equilibrio perfeito. Eu sei disso!
Estou tão certa do que sou, que não preciso representar papel algum. Não fui inventada, não moro em Pasárgada e nem sou personagem de ficção.
Já não me preocupo com o que pensam de mim. Se pensarem em mim já é uma grande vantagem.

Aos 25 ainda não perdi o hábito de ser mimada. Em contrapartida, descobri que mimar pode ser ainda mais prazeroso.
Se não estou afim, não vou. Se não quero, não faço jogo. Se prefiro, escolho.

Ciúme é palavra quase que extinta do vocabulário. Insegurança também. Existem. Mas são finos e honrados. Discretos, não se expõem a qualquer preço.  
A beleza já não me convence. Dinheiro também não. Andar pelo Vicentina Aranha, sentar no puff verde e discorrer uma boa conversa já me satisfaz.
Busco um mundo mais cheio de conteúdo. Superficialidades me repelem.   

Não me apego ao pecado de ninguém. Nem aos meus. Tudo pela leveza das relações. Inclusive a minha relação comigo mesma.
Dispenso cerimônias. Dispenso clichês forçados. Dispenso tudo o que não quero pra mim, afinal ainda tenho uma vida pela frente. E não quero viver tudo de uma vez. Não tenho pressa de chegar lá. Eu só preciso chegar.




2 comentários:

  1. Começando a ler esse post me veio uma música do Pato Fu na cabeça: "Tempo tempo tempo mano velho. Tempo amigo, seja legal. Conto contigo...". Mas depois vi que se tratava de outra coisa, essa música perdeu o sentido e me veio outra, que a letra em nada tem a ver, mas apenas o nome: O Retorno de Saturno, do Detonautas. Eu não acredito em astrologia, mas essa denominação que dão para essa fase da vida, dos 30 anos, eu acho bem interessante.

    E quem poderia prever que aos 25 faríamos guerra de chinelo no meio da madrugada ou que brincaríamos de gato mia numa noite de sábado que nada prometia e que acabou sendo muito melhor do que qualquer balada? Ter a segurança de voltar a ser criança por alguns instantes também é um sinal de crescimento.

    ResponderExcluir
  2. Fu, você sintetizou perfeitamente a linha tênue da nossa dualidade. Buscamos viver um mundo mais equilibrado!

    ResponderExcluir