quinta-feira, 7 de abril de 2011

O que está acontecendo com o mundo?!

A tragédia no Colégio Tasso da Silveira me fez lembrar de uma crônica que escrevi há alguns anos, sobre o referendo de 2005; aquele que tinha como propósito proibir, ou não, a comercialização de armas de fogo no Brasil.

Na época, fui a favor da proibição. Mas como em qualquer plebiscito, o assunto polêmico dividiu opiniões.

Os que eram contra, alegavam que a proibição incentivava a demanda ilegal de armas no país, porque qualquer ladrão ou assassino que se preze, não compra armas por meios legais, portanto, a lei não vale pro criminoso.
Outros discursavam que o assaltante se sentiria mais à vontade sabendo que suas vítimas estariam desarmadas. Já os mais ortodoxos se defendiam alegando que necessitavam das armas para sua proteção pessoal.

Os que eram a favor da proibição, assim como eu, eram um tanto românticos. Uma vida não se traz de volta e não será outra morte que apagará a dor da perda e a dor moral de tornar-se mais um assassino.
E sem muitos rodeios, penso que as armas são instrumentos com uma única finalidade: matar. E isso, meus amigos, bastou para que eu votasse SIM.

Convenhamos, esse referendo em nada mudou a situação de violência no país. O problema está na desigualdade social, na má distribuição de renda, na péssima educação pública, na polícia ineficaz e mal remunerada e, principalmente, na justiça falha.

Porém, a falta de opção que o povo teve para decidir um assunto tão complexo com um simples "sim" ou "não" e a pouca informação legítima, levou a maioria a votar NÃO, NÃO DESEJAMOS A PROIBIÇÃO.

E assim foi...

Naquela época, profetizei que ainda assistiria à muitas passeatas pela paz, num teatro de títeres em que as pobres personagens seriam as mesmas pessoas que votaram a favor da venda liberada de armamento e munição. Todas vestidas de branco, com seus cartazes nas mãos e as fotos dos entes queridos estampados nas camisetas. 

Domingo terá uma passeata na Avenida Atlântica. Eu não estava errada. Infelizmente.

3 comentários:

  1. Acredito que esse episódio não tem relação com os problemas de segurança pública que temos. Uma polícia melhor preparada, um código penal melhor elaborado não teriam impedido essa tragédia. É só observar que em países de 1º mundo isso acontece com muito mais frequência. O assassino claramente sofria de problemas psicológicos.
    E nada me tira da cabeça que esse plebiscito aconteceu para desviar a atenção da população daquele escândalo do mensalão. A vitória do SIM pelo desarmamento em nada mudaria a rotina de violência que infelizmente temos.

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  2. João, é fato, o referendo de 2005 foi um tremendo desvio de foco.
    Contudo, esse episódio é parte de um problema de políticas públicas sim, principalmente de educação e saúde.
    Esse menino, ao que me parece, sempre apresentou um desvio de comportamento - convenhamos, uma criança isolada e sem amigos, no mínimo merece um olhar especial, o que provavelmente não foi feito.
    Meu trabalho é uma mescla de social com educação e eu te asseguro que não há como passar desapercebida uma criança com um comportamento desse. No município de São José dos Campos, temos programas que acolhem esses pré-diagnósticos. Encaminhamos para atendimento psicológico, saúde mental e tudo o mais que nos for cabível. A única coisa que não fazemos é fechar os olhos para o que é nítido. Falta, sim, preparo dos profissionais desse âmbito - e um mínimo de interesse pelo próximo, mas aí já fugimos da alçada política e entramos num aspecto não menos relevante, mas que vai da relexão de cada um!

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  3. Bruna, seria ótimo se nossos professores tivessem ao menos metade da atenção que você tem com os alunos. Acredito que muitos ainda têm a preocupação em querer fazer alguma coisa quando se deparam com alunos em situação semelhante, mas que dai esbarram na sensação de impotência em fazer a diferença. O que estamos mais do que carecas de saber é que a maioria dos professores não estão preparados nem para lecionar suas matérias, além de ganharem mal e terem que trabalhar nos três períodos, dando mil aulas e tendo mil turmas. Concordo em dizer que este é um caso de discussão dos problemas sociais e educacionais, mas não de segurança pública, como os veículos de comunicação estão tratando o caso.

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