A tragédia no Colégio Tasso da Silveira me fez lembrar de uma crônica que escrevi há alguns anos, sobre o referendo de 2005; aquele que tinha como propósito proibir, ou não, a comercialização de armas de fogo no Brasil.
Na época, fui a favor da proibição. Mas como em qualquer plebiscito, o assunto polêmico dividiu opiniões.
Os que eram contra, alegavam que a proibição incentivava a demanda ilegal de armas no país, porque qualquer ladrão ou assassino que se preze, não compra armas por meios legais, portanto, a lei não vale pro criminoso.
Outros discursavam que o assaltante se sentiria mais à vontade sabendo que suas vítimas estariam desarmadas. Já os mais ortodoxos se defendiam alegando que necessitavam das armas para sua proteção pessoal.
Os que eram a favor da proibição, assim como eu, eram um tanto românticos. Uma vida não se traz de volta e não será outra morte que apagará a dor da perda e a dor moral de tornar-se mais um assassino.
E sem muitos rodeios, penso que as armas são instrumentos com uma única finalidade: matar. E isso, meus amigos, bastou para que eu votasse SIM.
Convenhamos, esse referendo em nada mudou a situação de violência no país. O problema está na desigualdade social, na má distribuição de renda, na péssima educação pública, na polícia ineficaz e mal remunerada e, principalmente, na justiça falha.
Porém, a falta de opção que o povo teve para decidir um assunto tão complexo com um simples "sim" ou "não" e a pouca informação legítima, levou a maioria a votar NÃO, NÃO DESEJAMOS A PROIBIÇÃO.
E assim foi...
Naquela época, profetizei que ainda assistiria à muitas passeatas pela paz, num teatro de títeres em que as pobres personagens seriam as mesmas pessoas que votaram a favor da venda liberada de armamento e munição. Todas vestidas de branco, com seus cartazes nas mãos e as fotos dos entes queridos estampados nas camisetas.
Domingo terá uma passeata na Avenida Atlântica. Eu não estava errada. Infelizmente.
Acredito que esse episódio não tem relação com os problemas de segurança pública que temos. Uma polícia melhor preparada, um código penal melhor elaborado não teriam impedido essa tragédia. É só observar que em países de 1º mundo isso acontece com muito mais frequência. O assassino claramente sofria de problemas psicológicos.
ResponderExcluirE nada me tira da cabeça que esse plebiscito aconteceu para desviar a atenção da população daquele escândalo do mensalão. A vitória do SIM pelo desarmamento em nada mudaria a rotina de violência que infelizmente temos.
João, é fato, o referendo de 2005 foi um tremendo desvio de foco.
ResponderExcluirContudo, esse episódio é parte de um problema de políticas públicas sim, principalmente de educação e saúde.
Esse menino, ao que me parece, sempre apresentou um desvio de comportamento - convenhamos, uma criança isolada e sem amigos, no mínimo merece um olhar especial, o que provavelmente não foi feito.
Meu trabalho é uma mescla de social com educação e eu te asseguro que não há como passar desapercebida uma criança com um comportamento desse. No município de São José dos Campos, temos programas que acolhem esses pré-diagnósticos. Encaminhamos para atendimento psicológico, saúde mental e tudo o mais que nos for cabível. A única coisa que não fazemos é fechar os olhos para o que é nítido. Falta, sim, preparo dos profissionais desse âmbito - e um mínimo de interesse pelo próximo, mas aí já fugimos da alçada política e entramos num aspecto não menos relevante, mas que vai da relexão de cada um!
Bruna, seria ótimo se nossos professores tivessem ao menos metade da atenção que você tem com os alunos. Acredito que muitos ainda têm a preocupação em querer fazer alguma coisa quando se deparam com alunos em situação semelhante, mas que dai esbarram na sensação de impotência em fazer a diferença. O que estamos mais do que carecas de saber é que a maioria dos professores não estão preparados nem para lecionar suas matérias, além de ganharem mal e terem que trabalhar nos três períodos, dando mil aulas e tendo mil turmas. Concordo em dizer que este é um caso de discussão dos problemas sociais e educacionais, mas não de segurança pública, como os veículos de comunicação estão tratando o caso.
ResponderExcluir