Minha mãe sempre trabalhou fora. Deu um duro pra me educar. E meu pai, por sua vez, sempre deu uma enrolada pra fora de casa. Se trabalhava, eu não sei!
E nessa ausência toda, quem cuidava de mim era a minha madrinha, a quem eu cresci chamando de mãe. Mãe Neuza.
Na casa da mãe Neuza tinha o pai Bolão, que era marido dela e meu padrinho. Um casal que serei eternamente grata por tanta dedicação e amor.
Eles tinham 4 filhos. A Luciana, o Gordo, a Bia e a Silvana, a quem eu chamava de Tata, e que me odiava, sabe-se lá porquê!
Eu tinha 3/4 anos. Chegava na casa deles às 7h da manhã com a lancheirinha, que a minha mãe arrumava pra eu ir beliscando durante o dia. Tinha Bis, Tostines, Goiabinha e, claro, o Danoninho, que de tudo na vida, era o que eu mais gostava!
Mas lá na casa da mãe Neuza havia uma certa dificuldade financeira. Eram muitos filhos e pouca grana. Logo, a minha lancheirinha forrada de delícias era extremamente cobiçada pelas outras crianças. E claro, eu nem via a cor do que levava pra comer, poque eles pegavam tudo e eu ficava com fome o dia inteiro. A sorte é que a mãe Neuza me dava feijão com arroz e meu estômago agradecia!
O fato é que a Silvana, que me odiava, ameaçava roubar meu Danoninho todos os dias. E pra ela não roubar, eu deveria ficar no portão mandando todo mundo que passasse na rua, tomar no cú. Não funcionava, porque ela roubava de qualquer jeito, mas na esperança de não ter meu Danoninho confiscado, eu mandava mesmo: "Ôôô, vai tomar no cú!".
Um dia, percebi que estava vindo uma mulher e gritei: "Ô mulher, vai tomar no cúúúúú!".
Era a minha mãe. E ela, muito brava, indagou, num tom de quem ia me fazer dormir com a bunda quente: "O que foi que você disse?!". E eu, que nunca fui boba, dei uma de João-Sem-Braço e mandei: "Eu disse Danoninho, eu quero o meu Danoninhooooo!"
É. Improviso é comigo mesmo. Hoje uma criança me mandou tomar no cú e eu lembrei disso!
Se divertir é dormir cedo, acordar cedo... Trabalhar, suar e arriscar. Pareço louco? Se divertir é isso também, enlouquecer... Festa é bom de vez enquando. E festa toda noite, é coisa de gente triste. A vida mundana, ela mesma, é que tem que ser uma farra diária...
ResponderExcluirLê, você nunca foi tão coerente com as palavras como hoje. Aliás, nossas conversas só têm corência pra gente mesmo.
ResponderExcluirJá falamos sobre o âmago e aquela luz dourada que surge não sei de onde e sobre o universo - aquele que cabe numa casca de noz.
Divertido mesmo é resolver os problemas na manhã de uma segunda-feira chuvosa. E nos deliciar por todo o resto de semana com os outros que hão de vir! rs...
Feliz mesmo é passar o sábado à noite em casa assistindo Zorra Total. O resto é coisa de gente triste!
Minha história com danoninho não é tão dramática, nem tem tanta graça, mas minha vó só deixava eu comer 1 por dia e se eu comesse tudo no almoço sem fazer pirraça. hehehe
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