quinta-feira, 31 de março de 2011

Músicas ruins que são boas

Eu não tenho orgulho disso, mas preciso confessar: essa semana eu ouvi o meu cd do N'Sync. Sim, aquele primeiro, da capinha azul e abóbora e que inclui o sucesso Tearin up my heart!


Ah gente, não teve como. Estava procurando o álbum da Sade (ai que mentira!) e ele apareceu no meio do nada. Pensei que já tivesse ido morar na 4ª Dimensão (onde todas as coisas que somem vão parar, talvez o Peixe esteja lá também). Mas não, ele estava entre os cd's que me causam profunda vergonha de ouvir, empilhados no fundo do armário, pra ninguém ver. Nem eu mesma!


Sei que levei o cd pro carro e ouvi, com o cuidado de manter os vidros fechados e, claro, o volume baixo, pra ninguém perceber que som era aquele. Logo eu que tenho a fama de ter bom gosto para músicas, seria o suicídio aparecer ouvindo Sailing, regravação do Christopher Cross, pelo Justin Timberlake do tempo das vacas magras!


Ah! Eu tenho culpa de na minha adolescência essa galera ter feito sucesso?! Eles compuseram a trilha dos meus romances anos 90, bem como os obsoletos Backstreet Boys, que há dois anos me carregaram pro show. Não que eu goste, mas tive que contribuir com fundo social das boy bands falidas! rs...


E se querem saber, chega de conversinha fiada, vou abrir o jogo mais uma vez, arriscando perder o emprego e os amigos jazzeiros: eu adoro ouvir música ruim!


Há quem não saiba, mas ainda tenho uma vitrola aqui em casa. Uma Sharp. Fica no quartinho dos fundos, junto aos discos que eu não tenho coragem de dar fim. E de vez em quando, muuuuito de vez em quando, rola a nostalgia. Boto a vitrolinha pra rodar, com aquele som chiado gostoso de ouvir, procuro algum bolachão que agrade aos meus ouvidos e atormento a vizinhança!


Da última vez, ouvi o disco do Zezé di Camargo. O primeiro, que tem É o amor! Na verdade, estava querendo ouvir aquela adaptação do McCartney e do Lennon, And I love her. Fazer o quê?! Ela é tão ruim, que chega a ser boa!


Tenho outro disco ótimo: Corpo e Alma Internacional, daquela novela da Glória Perez. Tem aquela música do Clube das Mulheres, Rhythm is a dancer e umas baladinhas românticas do Richard Marx, um cara que sabe fazer música tão ruim, que estouram de sucesso!


Outro mestre em som ruim que é bom é o George Michael. A pior delas?! Careless Whispers. Adooooooro! A letra é horrível, os gemidos dele são péssimos, mas eu adoro essa música. Adoro tanto quanto adoro a Cindy Lauper cantando Girls just wanna have fun. Pior não há!
E a música da Mulher Maravilha?! Gente, aquela letra é muito boa. Dispensa poesia!


E depois vêm me dizer que Caetano é o cara?! Caetano é um chato que faz letras que só ele entende. O resto finge que acha graça.


Por falar nisso, querem saber o que estou ouvindo agora?! Summertime, by Bratke, que é para dosar meu extremo mau gosto ao bom gosto que ainda me resta!

segunda-feira, 21 de março de 2011

Danoninho!

Minha mãe sempre trabalhou fora. Deu um duro pra me educar. E meu pai, por sua vez, sempre deu uma enrolada pra fora de casa. Se trabalhava, eu não sei!
E nessa ausência toda, quem cuidava de mim era a minha madrinha, a quem eu cresci chamando de mãe. Mãe Neuza.
Na casa da mãe Neuza tinha o pai Bolão, que era marido dela e meu padrinho. Um casal que serei eternamente grata por tanta dedicação e amor.
Eles tinham 4 filhos. A Luciana, o Gordo, a Bia e a Silvana, a quem eu chamava de Tata, e que me odiava, sabe-se lá porquê!

Eu tinha 3/4 anos. Chegava na casa deles às 7h da manhã com a lancheirinha, que a minha mãe arrumava pra eu ir beliscando durante o dia. Tinha Bis, Tostines, Goiabinha e, claro, o Danoninho, que de tudo na vida, era o que eu mais gostava!

Mas lá na casa da mãe Neuza havia uma certa dificuldade financeira. Eram muitos filhos e pouca grana. Logo, a minha lancheirinha forrada de delícias era extremamente cobiçada pelas outras crianças. E claro, eu nem via a cor do que levava pra comer, poque eles pegavam tudo e eu ficava com fome o dia inteiro. A sorte é que a mãe Neuza me dava feijão com arroz e meu estômago agradecia!

O fato é que a Silvana, que me odiava, ameaçava roubar meu Danoninho todos os dias. E pra ela não roubar, eu deveria ficar no portão mandando todo mundo que passasse na rua, tomar no cú. Não funcionava, porque ela roubava de qualquer jeito, mas na esperança de não ter meu Danoninho confiscado, eu mandava mesmo: "Ôôô, vai tomar no cú!".

Um dia, percebi que estava vindo uma mulher e gritei: "Ô mulher, vai tomar no cúúúúú!".
Era a minha mãe. E ela, muito brava, indagou, num tom de quem ia me fazer dormir com a bunda quente: "O que foi que você disse?!". E eu, que nunca fui boba, dei uma de João-Sem-Braço e mandei: "Eu disse Danoninho, eu quero o meu Danoninhooooo!"

É. Improviso é comigo mesmo. Hoje uma criança me mandou tomar no cú e eu lembrei disso!

domingo, 20 de março de 2011

Quando a moda foge do bom senso

Eu estaria desonrando as minhas brunisses, se deixasse esse assunto passar em branco.
Tem coisa mais brega que aqueles adesivinhos de Família Feliz que a galera resolveu pregar nos carros agora?! Última moda da falta de noção. Preste atenção!

Personalizados, eles trazem todos os membros da família, de forma caricata, estampados na traseira do carro.
Os homens-palito da Família Feliz são sempre unidos. Estão sempre de mãozinhas dadas, sempre cúmplices, sempre parceiros. Pasme, as crianças sempre se dão muito bem e estão sempre sorrindo. E o cãozinho, veja só, fica ao lado do gatinho, que por sua vez, fica ao lado do peixinho, zelando eternamente, ou até que descole, por seu aquário.
Ah, você tem mais de um cachorrinho?! Não tem problema! Cole logo 5 adesivos de cachorrinhos, seguindo por 6 gatinhos felpudos! Seus bichinhos merecem essa homenagem! rs...

O papai-palito é sempre o adesivo mais alto e robusto. Ele carrega uma maletinha na mão, representando o lado responsável e provedor da família. A mamãe-palito é uma dona de casa, usando nada menos que um avental. Por vezes a mamãe-palito também aparece com uma leve saliência na barriga, o que se pressupõe que ela é uma parideira ou boa de garfo. O menino-palito tem cara de capeta. Aquele sorrisinho não me engana. Geralmente ele está com um skate na mão e boné no mais estiloso perfil Sérgio Malandro. Tem menino-palito aspirante a Ronaldo, com a bola no pé e camisa 9 também. E a menininha-palito?! Ah, como ela é adorável! Sempre de vestidinho florido e chuquinha no cabelo. Tem carinha de pentelha e geralmente está ao lado dos bichinhos, porque ela é a caçula e foi o que restou pra brincar com ela!

E nesse comercial de Doriana, fiquei imaginando como seriam os adesivos da minha Família Feliz!
Sim, porque se eu fosse colar no meu carro, seria a minha mãe com um tercinho na mão, eu (com um vestidinho lindo e blush!) e a minha cachorrinha coçando as pulguinhas.

Pensei também em colocar o meu pai com uma garrafa de 51 debaixo do braço, meio tonto, a primeira, a segunda, a terceira e a quarta mulher dele, os meus 10 irmãos, eu (com outro vestidinho lindo e mais blush!), meus 9 sobrinhos, a minha cachorrinha e o Tinoco, cachorrinho do meu pai... E lá se foram 27 adesivos. Se eu não conseguir um ônibus pra colar tudo isso, além da tampa do porta-malas do meu carro, vou precisar do vidro traseiro também!

Mas em tempos de violência, eu me pergunto, é sério mesmo?! Esses adesivos existem?!
As pessoas aderiram à moda da exposição exacerbada e colocaram em xeque a segurança da própria família!
Pra facilitar o trabalho dos golpistas e ladrões, agilizaria mesclar outros adesivos bregas ao veículo. Tipo: Kimberly e Jackson Five a bordo. Um pouquinho mais à esquerda, um adesivo com o M do Mackenzie e pra arrematar, centralizado, o O da Oakley, pra todo mundo saber que alí reside um surfista que está sempre em Ubatuba ou Maresias. Pronto, baquete completo pro lobo mau. Ele já sabe tudo a seu respeito e tão logo irá te atacar. Boa sorte!