domingo, 24 de outubro de 2010

Essa tal de política...


Ontem fui jantar com um pessoal. Uma galera bacana. Mas à mesa peguei a cadeira premiada, bem de frente pra uma PSDBista. Ok, eu sou PTista e ponto.
Sou petista na hora de escolher meu candidato lá na urna, mas quando sento à mesa para saborear aquela cebola maravilhosa do Outback, sou simplesmente a Bruna. 
Pois bem, eis que ouço alguém ao meu lado comentar a ausência de uma garota alí na mesa. E a bacana, tucana, manda a pérola "claro que ela não está aqui, ela mora na zona leste e é petista". Engoli minha cebola e emendei "não entendi!". Pronto. Estava travada a guerra da noite!
É fato, se tem uma coisa que não faço é discutir política com quem não entende de política. E de 4 em 4 anos acontece um fenômeno chamado "todos somos politizados".
Funciona assim, o caboclo recebe meia dúzia de e-mails escritos sabe-se lá por quem, de conteúdo plenamente duvidoso, não lê, porque geralmente é grande, mas se embasa no título da mensagem. Pronto, ele já acha que pode discutir política.
Outra variação desse fenômeno acontece quando o fulano não tem opinião formada sobre nada, ouve alguém que use roupa social dizendo que o Brasil é assim/o Brasil é assado e já acha que o cara é o dono da razão. Pronto. Já definiu seu voto. Simples, rápido, não precisa perder tempo em sair pesquisando a ficha do cara, assistindo à propaganda eleitoral, não exije que conheça o mínimo de políticas públicas e o voto já sai pronto!
Brasileiro é adepto da praticidade. Lei do menor esforço. E assim vamos levando. O Brasil tá ruim?! Culpa do político! Os hospitais estão superlotados?! Culpa do político. A polícia é vendida?! Culpa do político. Vai dar um basta à violência?! Veste branco e faz passeata da paz.

Eu enxergo a política como um jogo de interesses. Não existe o político certo ou o político errado (é, não é bem assim, para político-cantor-de-brega a gente revê esse conceito). Existe o político que atende às suas necessidades. E cada um que jogue a sua carta da vez.
Outro dia recebi por e-mail algumas palavras que o Sr. Ozires Silva soltou pelo blog dele. Dizia que não vota na Dilma porque bláblábláblá... E discorreu uma enorme pesquisa que fez sobre política, a fim de selecionar melhor o seu canditado. Claro, tendo optado pelo PSDB.
Digo "claro" porque o Sr. Ozires Silva é fundador da Embraer. É da elite. Possui tantos interesses pessoais como profissionais nesta campanha. Tem mais é que votar no PSDB mesmo. 
Mas os interesses dele não são os mesmos que os meus. Enquanto ele quer isenção de impostos para a Embraer, eu quero o Bolsa Família para as famílias carentes que atendo aqui na prefeitura da minha cidade. Eu quero moradia pra essas famílias, eu quero hospitais públicos de qualidade.
Não posso e não vou me basear no ponto de vista de um cara só porque possui mais diplomas e uma conta bancária mais considerável que a minha, para escolher o meu candidato. Minhas escolhas são feitas com base em vivência das políticas públicas, com frequência nas sessões de câmara, com questionamentos embasados no contexto em que estou inserida. O resto é balela!
E aí, qual é a sua carta da vez?!

terça-feira, 19 de outubro de 2010

O Jones!

Não poderia ser diferente. O Jones merece mais do que um post no meu blog.
Jones é um garotinho gente boa lá de onde eu trabalho. Tem 7 anos. Tem psoríase e anda dizendo que está estressado.
Ganhou meu carinho, meu respeito e meu olhar. Há indícios de que tenha ganhado também o meu coração. Mas bah, sobre isso não quero falar!

O Jones ganhou uma pedrinha e um cartão, como reconhecimento de seu esforço e compromisso em não faltar um dia sequer no mês passado.
Essa pedrinha significou muito pra ele. Muito mais do que a gente imaginava.
Dia desses eu estava observando-o de longe, andando pra lá e pra cá com a pedrinha. O chamei e pedi pra ver a tal pedrinha. Eis que ele me manda a pérola:
- Tia, é a minha pedrinha da sorte. Qualquer pedido que eu fizer, vai realizar!
- Poxa, Jones! Tô precisando de uma dessas, então. Mas vamos combinar uma coisa?! Quando você fizer um pedido pra pedrinha, feche os olhinhos e e peça pro Papai do Céu também. Assim, é certeza que vai realizar!
E o Jones, por um minuto, pegou a pedrinha, a colocou perto do coração, fechou os olhos e aparentou faz um pedido. Indaguei-lhe, num misto de curiosidade e vontade de realizar.
- Jones, o que você pediu?!
- Pedi pra que na minha festa de aniversário, esteja toda a minha família!
- E onde está a sua família, Jones?!
- Não sei! (Com as mãozinhas gordinhas pelo ar)
No instante, me lembrei que o Jones é uma das crianças atendidas pelo abrigo municipal.
- Como é que você foi parar lá na sua casa?!
- Eu estava brincando na rua e o moço foi lá e perguntou se eu queria andar de carro. Aí eu fui e ele me levou lá em casa. (O abrigo)
- E aonde estava a sua mãe nessa hora que te deixou andar de carro com o moço?!
- Na praia. Ela foi lá buscar "o homem". Ela disse que ia lá na praia e voltava rapidinho, mas não voltou mais.
- E com quem você ficou esse tempo todo?!
- Com a minha irmã.
- Qual a idade dela?
- 9.
Aquela história toda, estava me embrulhando o estômago. Eu não sabia se o abraçava, se chorava, se continuava a invadir sua vida tão triste. Continuei:
- Jones, como vocês faziam pra comer enquanto a sua mãe estava na praia?!
- Comer?!
- É, comer! Vocês não comiam?!
- Nããããão!
...
- É Jones. A vida não é fácil. Não foi fácil pra você até aqui e, acredite, também não é pra mim.
- É, tá escrito aqui, quer ler?!
E me mostrou aquele cartãozinho que acompanhava a pedrinha, todo amassado. Ele leu. Não me lembro de quando criança ter lido qualquer cartão que acompanhasse meus presentes. Ele leu. Ele leu e entendeu o significado de cada palavra. Neste instante, chorei. Chorei por querer cuidar daquela criança, por não entender as razões daquela mãe e por achar o mundo tão injusto com alguém tão inocente.  
- Jones, então vamos combinar que sempre que você vai conversar com o Papai do Céu sempre que fizer um pedido pra sua pedrinha?!
- Tá. Vou pedir de novo, tia!
E por alguns instantes, fechou os olhinhos, novamente com a pedra perto do coração.
- Jones, o que você pediu agora?
- Que na minha festa de aniversário, esteja toda a minha família, de novo.
- E quando é o seu aniversário?!
- Dia 02/05.

Para quem não me conhece, é o meu dia também. Acho que quero o Jones pra mim.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Quem é dono da culpa?!

Outro dia eu fui pega pela Polícia Militar numa dessas blitz montadas em pontos estratégicos, pra ferrar com a gente de surpresinha!

Pois bem. Achei que estivesse com o documento em dia. Desembolsei uma grana boa no começo do ano, jurando que estava pagando o pacote IPVA, DPVAT e Licenciamento. E como eu só achei, lá estavam eles para guinchar o meu carro.

Tudo bem, eu estava errada mesmo, não peguei em dia. E se tem uma coisa que eu tenho é bom senso. Se tô errada, pago pelo erro bem quietinha. Mas naquela noite eu estava bem folgada. E pensando bem, tive sorte de não ter sido presa junto ao carro, por desacato!

Eu estava na minha razão. Na porta do meu curso, roubam carro todas as semanas. E ningém faz nada. E não fazem nada porque estão ocupados demais apreendendo carros por aí, cumprindo função de Guarda de Trânsito.

É. Não teve choro nem vela que fizesse o polical me dar a chance de sair daquele fim de mundo com meu carro. Cabe um adendo, a blitz era numa avenida de zonas famosérrimas aqui em São José. Tava morrendo de medo de ir embora a pé e ser confundida com uma na rua!

E sob algumas gracinhas do tipo "vocês têm dinheiro pra ir pra balada, mas não têm dinheiro pra pagar o documento do carro..." ou "você tem cara de quem vota no Serra. Vota no Serra pra você ver se a gente não te pega mais vezes...", eu assinei a minha culpa pro policiais. Multa, apreensão, guincho... 

No dia seguinte, sábado, fui lá pagar a brincadeira. Um pacote bacana de supresinhas! Além do licenciamento, paguei o DPVAT e a multa. Resultado: menos R$341,50 na conta. Ai meus vestidinhos!

Porém, era SÁBADO minha gente. E sábado o Ciretran não abre. Nem o pátio, para retirada de veículo.
Ok! Aguardei ansiosamente a chegada da segunda-feira. Nem aproveitei o meu final de semana, porque por incrível que pareça, eu queria que chegasse a segunda-feira!
E a segunda-feira chegou. Fui ao Ciretran dar entrada nos documentos para, então, ESPERAR o delegado assinar a liberação. Liberação esta que pode demorar até 10 dias, por conta dos trâmites administrativos do Ciretran. Ooooras, a partir do momento em que o meu documento está pago, o que é que eu tenho a ver com os trâmites administrativos?! Coloquem mais funcionários, guinchem menos carros por nada, diminuam o valor do guincho e das diárias no pátio, reservem uma tolerância de 5 dias pro caboclo ter tempo para pagar as pendências, como é feito no pátio do Estado. Agora, sou eu quem tenho que pagar pela morosidade do processo administrativo de Ciretran?!

Ah! Pra diminuir minha revolta, consegui adiantar o processo de liberação, por meios não muito legais. Amigos influentes, sabe como é?! Não acho isso certo, mas também não acho certo bancar dono de pátio nem delegado que fica atrás da mesa com o c... a caneta! Com a caneta na mão!
E não querendo abusar dos clichês, é como o policial me falou no ato da apreensão, entre colocar o dele e o meu na reta, ele colocava o meu. O meu o quê?!
Pois é, Sr. Policial. Seja lá o que for meu que o senhor tenha colocado na reta, desviei e estou colocando o seu neste exato momento, já que o meu está pago!

No final das contas, o que eu devia, que era apenas o licenciamento, se transformou em R$341,50 (licenciamento, multa e DPVAT) + R$180,06 (guincho) + R$52,34 (diárias) + R$15,00 (autenticação dos documentos) = R$588,09. Isso foi o que eu gastei!

De tudo, sei que estava errada em ter atrasado o pagamento. Infelizmente, acontece. Mas de forma alguma admitiria dormir hoje sem falar sobre a minha revolta como tudo o que ví acontecer esses dias em que meu carro esteve apreendido. Os valores do pátio são absurdamente elevados - isso é meio de vida. E as condições em que os carros ficam aglutinados, é de dar dó. Parecia um monte de ferro velho empilhado na lama. Lá eu também pude presenciar um caminhão de combustível entrando e saindo minutos depois - imagino que com o tanque bem cheio.

Fica a revolta. Quem vai consertar o Brasil?!

Mundo novo!

Essa coisa de blog sempre me fascinou. Sempre quis ter um, mas nunca soube o que escrever. Não por falta de repertório, porque sou cheia de brunisses, dou palpite em tudo, me meto à poetisa, cronista, crítica de cinema, de gastronomia e de mim mesma.

Mas a verdade é que a hora ainda não havia chegado. Eu acho que acabo de ficar amarelinha no pé da mangueira. Amadureci. Estou pronta pra falar o que penso – e o melhor, sobre tudo.
Eis o meu lugar ao sol. Nesse lote aqui eu posso tudo. E o farei!

Não se ofendam com as brunisses. Liberdade de ação e expressão. JÁ!

Obs. Apenas para que saibam, brunisse é uma palavrinha que inventei pra denominar as opiniões muito minhas!